07/12/2011

Trechos Do Livro ‘One And Only: The Untold Story Of On The Road’


“Quando eu fui para Montreal, eu estava um pouco preocupada sobre o facto de que Kristen não parecia o tipo certo para interpretar a minha mãe. Eu tive que me esforçar a lembrar que ela estava representando um personagem fictício em um livro, que este não era na verdade uma biografia da minha mãe. Eu não achava que a Kristen poderia realmente tentar ser a minha mãe, porque ela é totalmente o oposto dela de muitas maneiras. Kristen é pequena, delicada, com um tipo próprio de personalidade, enquanto a minha mãe era animada, sorridente e cheia de brilho. A minha mãe era gentil; Kristen pregueja um pouco, ela é desbocada e séria. Mas uma vez que a conheci, ela estava muito curiosa sobre como foi crescer com a minha mãe, que tipo de experiência eu tive como uma criança com uma mãe que tinha passado por esta aventura toda. Kristen queria apenas saber sobre toda a minha experiência quando criança.”
“Descobri que a Kristen era muito, muito comprometida com o protejo, que ela queria representar minha mãe a sua maneira , não como “uma sombra dos rapazes”, como ela mesma disse. Ela foi muito protectora com a minha mãe, e muito defensora sobre o que Carolyn Cassady tinha escrito sobre ela. Kristen sentiu que Carolyn estava tentando fazer minha mãe parecer má, que ela a tratou como se fosse algo insignificante e de classe baixa. Carolyn tinha escrito a história como se ela fosse a socialite, e como se minha mãe fosse apenas uma rapariga jovem fácil, que foi trazida apenas como um objecto sexual para os caras. Kristen sentiu que Carolyn não tinha retratado minha mãe num aspecto muito bom, que ela fez parecer apenas que uma rapariga tão jovem casou com Neal antes que ele a conhecesse melhor. Ela me disse honestamente que não era assim que ela queria interpretar o papel de Lu Anne.”


“Kristen disse que não foi algum agente que a apresentou ao papel. Ela disse que leu On The Road cedo , quando ela tinha talvez 13 ou 14 anos. Eladisse, “Eu tenho o livro original onde eu marquei as partes de Marylou”. Ela já estava interessada na história quando ela estava na adolescência! Eu achei isso fantástico, porque eu não tinha nem lido On The Road até eu ter 40. Eu também achei interessante que ela ficou tão ligada ao livro, porque On The Road é normalmente considerado um livro que os rapazes gostam. “A Minha curiosidade sobre LuAnne não apareceu quando Walter Salles me pediu para ler para o papel,” disse ela. Ela explicou o que a facinava sobre Lu Anne – “Marylou” – foi porque ela era uma jovem forte mulher, independente e aventureira, segurando a si mesma com os rapazes – foi assim que Kristen a descreveu. Ela  disse, “Os três são iguais nesta viajem, neste relacionamento. Lu Anne tem tanta influência e responsabilidade pelo o que acontece com eles. Não eram os rapazes que lhe diziam  o que fazer, arrastando-a. Ela não é só uma tonta com a cabeça cheia de ar.”
“Eu descobri que a Kristen  começou actuar profissionalmente muito jovem, quando ela tinha 9 ou 10 anos. No momento em que ela estava no início da sua adolescência, ela já era uma actriz independente – e ela estava procurando por papeis modelos que pudessem mostrar-lhe o caminho. Ela estava procurando alguém “que já o tivesse feito” – por isso ela quis dizer uma jovem mulher que também se destacou em sua vida muito jovem. Quando o papel de Marylou apareceu, ela estava muito animada por poder fazer o teste para ele. Ela quis interpretar Marylou como uma pessoa real. Para ela, não é um personagem de ficção, e isso que fez a diferença em sua actuação para esse papel. Claro, eles estavam fazendo um filme de um livro, mas Kristen não está só interpretando Marylou. Ela está interpretando LuAnne.”
“Walter Salles empurrou todos os antores na direcção de fazer On The Road como a história de pessoas reais, mas Kristen tinha a mesma intenção mesmo antes dela conhecer Walter. Kristendisse que quando ela escutou as fitas de LuAnne contando a sua história, que esse foi o momento em que Marylou se tornou LuAnne para ela. Ela podia então vê-la, ouvi-la, como a jovem mulher que ela foi quando Neal e Jack a conheceram.”
“Kristen e eu passamos o dia sozinhas na varanda do loft em Montreal, e ela esteve em lágrimas algumas vezes, quando eu estava contando sobre minha mãe e algumas das mágoas que ela passou – quando eu contei  sobre a doença de minha mãe e os seus divórcios. Kristen é uma jovem muito sensível. Ela é apenas uma rapariga de 20 anos, mas quando ela esta pesquisando um papel, ela vai fundo. Eu lembro-me quando eu contei  a história sobre minha mãe e o poster de Neal, Kristen ficou tremendamente comovida. Um tipo tinha conseguido um poster enorme de Neal, e ele estava a leva-lo por todo o país – talvez para outros países também – e conseguindo que todos  ligados ao Beat assinasem. Ele trouxe o poster para a minha mãe para ela assinar. Lu Anne olhou, estava quase todo preenchido por assinaturas, mas ainda tinha um espaço aberto perto do coração de Neal. Então ela assinou ali, e escreveu, “És o meu coração. Eu te amo para sempre, LuAnne.” Essa história fez a Kristen chorar.”
“O que foi engraçado é que Kristen estava realmente preocupada comigo, como eu iria reagir ao filme. Ela agia como se estivesse tentando proteger-me. “Algumas dessas cenas são muito duras agora”, ela disse. “Não se choque quandoas vir. Você conhece a história, mas a forma como a  estamos fazendo é muito gráfica e muito dura.” Eu só sorria. Era muito fofo, muito doce, mas eu não estou preocupada com as cenas gráficas. O que é importante para mim é que Kristen realmente parece sentir o que minha mãe passou.”
“Eu vi-a novamente em Baton Rouge poucos meses depois. Ela já tinha acabado de filmar as suas partes em On The Road, e tinha  mudado para começar a filmar o próxino filme de Crepúsculo. Ela cozinhou um jantar para mim e para meu marido, Reuben, e aprendi que Kristen gosta de cozinhar, e usa a cozinha para relaxar, da mesma forma que a minha mãe fazia. Ela disse que esperava ver-me na festa de encerramento do filme em São Francisco em dezembro (2010), e esse foi um dos motivos de eu ter ido para a Califórnia então. No final Kristen estava ainda presa ao seu último filme e não pode ir, mas eu tive uma experiência ainda mais memorável.
“Sam e Garret pareciam duas crianças juntos. Eles ficavam  a dizer “Acredita que estamos em On The Road?”. Eles estavam a rir como dois miúdos que faltam a uma aula, ou como dois miúdos que acabaram de ganhar um grande prémio de algums show de prémios. Eles  disseram , “Nós temos que  nos dizer que estamos de verdade aqui,  neste  filme. Não acreditamos na sorte que temos”.”
 ”Garrett parecia como se  ainda estivesse  no papel de Neal mesmo dentro do carro. E o figurante estava a correr pela rua na nossa frente, ele riu e com sarcasmo, “Melhor vir a correr para cá, miúda! Tira o teu rabo da rua antes que eu te apanhe!” Na última filmagem, ele quase bateu nela, e ela teve que pular para fora do caminho. Walter gritou, “Isso é que é um final!”
“Nós devíamos subir a Filbert Street no Hudson e fazer a volta no canto quase em duas rodas no Leavenworth, então filmar acima da ladeira e fora de vista. A piada foi que conforme nós estávamos a chegar ao topo da ladeira na Filbert, essa figurante, uma jovem mulher num figurino de 1940, teve de correr para trás da rua para sair da frente. Mas durante as primeiras filmagens, o Hudson não chegou perto o suficiente dela para satisfazer Walter, então nós tivemos que continuar a refazer.
Depois de terceira filmagem, Sam Riley, que estava interpretando Jack, olhou para mim e disse, “Eu quero lembrar-me desse momento. Sempre que se olha essa cena no filme, deve lembrar-se de nós três dividindo esse momento juntos. Deve lembrar que nós dividimos nosso próprio momento on-the-road, e quando eu ver essa cena eu vou pensar nos nossos momentos juntos também. Eu nunca vou esquecer dessa cena.” Sam foi incrivelmente doce.”
 ”Anne Marie Santos e Sam Riley no set de On The Road, São Francisco, Dezembro de 2010. Anne Marie, filha de Lu Anne, trabalhou como dupla de Kristen Stewart.”
“No dia seguinte que cheguei a São Francisco, eu recebi uma ligação da assistente de Walter Salles, Alex Killian. Ela perguntou, “As suas orelhas estavam vermelhas ontem a noite? Nós estavamos falando de si, e Walter teve essa grande ideia que seria super emocionante se  pudesse interpretar a sua mãe no filme.” Seria no penúltimo dia de filmagens, e eles estavam filmando a cena onde Neal, Jack, e LuAnne acabavam de chegar em São Francisco depois da sua viajem pelo país de Nova Orleans. Neal estava a correr sobre as ladeiras no seu Hudson,  preparando-se para deixá-los a frente de algum hotel para então ele voltar para Carolyn. Como Kristen não estava já disponível, eles precisavam de uma dupla de corpo para interpretá-la no carro, sentada entre Jack e Neal. Eles  escolheram-me para ser a dupla de corpo para minha mãe. No dia seguinte, eles  levaram-me para o trailer da maquilhagem, e me arranjaram-me toda para parecer com Marylou (LuAnne). Eu tive que usar o mesmo casaco que Kristen usou – um casaco leve de um botão, que foi criado para parecer igual ao que minha mãe usou na verdade em alguma fotos dos anos 40 – e a mesma peruca “loira suja” que a Kristen usou também. “Tem a certeza que sessenta pode interpretar dezasseis?” eu perguntei, mas Alex  assegurou que ninguém iria realmente poder ver-me bem. Ela disse que ela interpretou duplos de corpo para Kristen diversas ocasiões, e houve até um tipo no set que dizia que ele teve que fazer o seu duplo de corpo uma ou duas vezes quando ninguém mais estava disponível.”
“Garret Hedlund (Neal Cassady), Gerald Nicosia, Sam Riley (Jack Kerouac), Kristen Stewart (LuAnne Henderson), na varanda do “Beat Boot Camp”.
“Em Julho de 2010, pouco antes das filmagens de On The Road, eu foi convidado pelo director Walter Salles para ir a Montreal para servir como o primeiro instrutor de treino no Beat Boot Camp que ele  montou para os seus actores. O meu trabalho foi de alguma maneira fazer aquelas crianças de vinte e poucos anos (como eles pareciam) entender a essência de cada um de seus personagens. Kristen Stewart, que estava para interpretar Lu Anne no filme, estava tendo um momento difícil para entender como LuAnne ainda podia amar Neal, apesar dele sempre a trair. Ela soube que Lu Anne continuou a ver Neal anos depois, e ela  perguntou, “Como é que ela finalmente foi capaz de o deixar? E o que aconteceu depois? Ela imaginava se Lu Anne foi tão estúpida que ela continuou a ser enganada por Neal por tanto tempo de sua vida; e se então, quando ela finalmente se deu conta de que ela estava a ser manipulada por um tolo?” Eu pedi a Kristen para mudar essa perspectiva, e ver que Lu Anne estava continuamente fazendo as suas próprias escolhas para estar com esse homem, para amá-lo, para aprender dele, e para dar a ele as coisas que ele desesperadamente precisava, começando com a ternura que lhe havia sido negada desde crescer sem a mãe, e com o pai alcoolatra disfuncional, nas ruas escorregadias de Denver. Eu sugeri-lhe que foi na verdade LuAnne que ensinou Neal e Jack como  amar. Mais tarde, escutando a minha entrevista gravada com LuAnne, Kristen disse que ela tinha achado a chave para interpretar Marylou no filme foi vê-la “como a sua própria mulher, não de Neal”. Ela mais tarde diria a Anne Santos, filha de LuAnne, que também viajou para Montreal para treinar os actores  que ela teve que ver LuAnne como a fonte de energia para ambos os homens, e para On The Road. Nas palavras de Kristen, “Jack e Neal precisavam daquele estrogénio”. Kristen tinha apanhado – ou, como Neal podia ter dito – melhor do que eu tinha esperado.”
“LuAnne, pinup da Segunda Guerra Mundial, tirada pelo seu padrasto, Steve Henderson. 1944.”
Eu acabei de achar a mulher perfeita!” Neal disse a Sal. “Ela tem absolutamente tudo que eu sempre quiz”. Al recordou como uma nuvem escura de repente passou na frente do rosto de Neal. “Então qual é o problema?” Al perguntou. “O único problema com ela”, Neal disse, “ é que ela é muito parecida comigo.”
“LuAnne tinha uma habilidade rara de ver as pessoas em sua totalidade – os seus mais e os seus menos, os seus altos e baixos, os seus vai e vens – e de ver cada um como uma pessoa inteira. Qualquer coisa que Neal pudesse fazer, ela não o julgava. Ela não via uma pessoa boa ou uma pessoa má, mas só, “Este é Neal”. Da mesma maneira, ela tinha a habilidade de ver o que era mais precioso em cada pessoa. Não era um tipo de optimismo cego e absurdo. Ela estava muito atenta em como falhas as pessoas eram, mas apesar das suas faltas, ela podia também ver que havia uma beleza, uma punica e amável chama, em todo ser humano. Foi a busca dessa chama que fez ela pertencer a esta incrível jornada. Na sua habilidade de ver, e acreditar, no poder inspirador em homens como Kerouac e Cassady, ela mesma  tornou-se uma força inspiradora, e deixou a sua própria impressão em alguns dos melhores escritores do seu tempo.”
via: kstewartbr

2 comentários:

PixieFairy disse...

Mais uma prova do brilhantismo da Kristen! Quer profissional mas acima de tudo pessoal:)

Maria Mel disse...

TUDO MUITO INTENSO.

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