Não, não é um filme sobre os famosos estúdios de cinema para adultos, descanse (ou não). É sim a adaptação da obra de Guy de Maupassant, de 1885, sobre Georges Duroy, um filho de um camponês que não olha a meios para subir na escada social (e para se vingar de quem o pisar pelo caminho), iniciando para tal “affairs” com algumas das mulheres mais influentes da sociedade parisiense da época. A história é minimamente fascinante para ser adaptada, claro – e prova disso são as enésimas adaptações, quer para cinema, quer para televisão.
No papel de Duroy está Robert Pattinson, que pretende já aqui afastar-se da saga “Twilight”, com resultados algo inconclusivos. Se o seu sorriso não falha, não consegue ser uma mudança suficiente de registo para nos convencer totalmente de que o actor terá um futuro sério pela frente. Além disso, o seu retrato inclina-se muito mais para a vertente de jovem convencido e mal nutrido (afetivamente sobretudo), ficando o seu lado vilanesco, de grande manipulador, menos convincente. Não acredito que fosse essa a intenção, quer da obra original, quer desta adaptação.
As três mulheres seduzidas e manipuladas são Kristen Scott Thomas, Uma Thurman e Christina Ricci, e vão também fazendo o seu trabalho, mas há algo que nunca cola bem. E creio que esse algo estará sobretudo na realização a meias de Declan Donnellan e Nick Ormerod, que nunca parece equilibrar bem os pratos, parecendo sempre dividida sobre o rumo a seguir: se levar para uma veia mais satirizante, se levar mais para o campo dramático, isto cena a cena. Como resultado, o espectador pode muitas vezes ser tirado para fora do filme, a observar para dentro, quando devia estar totalmente imerso.
A fasquia encontra-se muito alta para este género de filmes e adaptações. Quem viu um “Ligações Perigosas” já viu muito do que havia para ver. “Bel Ami” é ainda assim uma película que não aborrece, e que inspira o mínimo de curiosidade no desenrolar dos seus eventos – muito devido à sua raíz literária, é certo. Mas temo que não seja o suficiente para justificar um visionamento em sala…
O Melhor: O esforço da produção.
O Pior: A indefinição da realização sobre o rumo a seguir, cena após cena, fruto de uma certa desorganização (não conseguindo incorporar bem o subenredo político na história principal, por exemplo).
FONTE: André Gonçalves, Artigo retirado do site www.c7nema.net CONSULTEM O SITE
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