15/08/2012

ENTREVISTA DE ROBERT E CRONEMBERG COM MOVIEFONE


A maioria das entrevistas coletivas de filmes não têm um horda de paparazzi e dois seguranças corpulentos parados do lado de fora. Então novamente, a maioria das entrevistas coletivas não possuem um sujeito que está no meio de um escândalo de tablóide. Infelizmente, é onde Robert Pattinson se encontra agora mesmo, enquanto ele tenta promover seu novo filme, Cosmópolis.
Agradecidamente, se alguém pode segurar a pressão, Pattinson pode. Caso em questão: quando eu sento com ele e o diretor de Cosmópolis, David Cronenberg, a estrela de 26 anos de Crepúsculo estava relaxada, enquanto ele discutia seu novo filme no seu decididamente tom mais adulto. O filme, baseado no livro com mesmo nome de Don DeLillo, segue Eric (Pattinson), um bilionário que pega uma carona através da cidade para ter um corte de cabelo. Durante o caminho, ele lida com perdas financeiras, encontros sexuais aleatórios e uma multidão raivosa anti-capitalismo.
Aqui, Pattinson e Conenberg falam sobre os fãs ao redor de Cosmópolis, a posição do filme contra os 1% e como é filmar um exame de próstata prolongado.
Considerando a inclinação anti-capitalista nesse filme, eu penso que foi irônico vocês dois estarem tocando o sino na bolsa de valores de Nova York essa manhã.
David: Foi uma experiência muito mais surreal do que eu pensei que fosse ser. Eu pensei, sim, nós estamos visitando a cena do crime agora, e vai ser meio purificante tocar o sino-alarme.
Rob: Eu estou curioso para saber se alguém tinha na verdade visto o filme ou tinha alguma ideia sobre o que era.
David : SIM! E [as pessoas lá] pareciam tão excitadas sobre o filme e tão excitadas sobre nós e foram muito doces e amigáveis. Mesmo que seja um mundo completamente diferente. É tão familiar para eles. Eu acho que eles pensam que todo mundo sabe tudo sobre o que eles fazem. E eu acho que a infâmia e fama dos corretores de ações e fraude apenas aumenta a ideia deles, que todo mundo sabe o que está acontecendo. Mas uma vez que você está lá você percebe “Ai meu Deus. Eu não entendo nada mesmo.” Mas foi bastante interessante, e eu diria irônico [oportunidade]. Usar esse momento, tocando o sino para abrir a Troca de Ações, por Cosmópolis, isso foi muito estranho. Nós estávamos vendendo? Eu não sei [risos]. Eles nos deram pequenas medalhas!



Rob, você mencinou no “The Daily Show” sobre como Cosmópolis é quase fisicamente impossível de explicar para as pessoas. Então como você o explica para si mesmo? Você consegue até mesmo explicar?
Rob:A última entrevista [que eu fiz], eu apenas comecei a projetar coisas. Eu literalmente apenas usei aquilo como uma sessões de terapia [risos]. Eu não sabia realmente sobre o que eu estava falando.
David : Eu fiquei em choque! Eu nunca o ouvi dizer aquelas coisa.
Rob: [risos] Eu apenas [entendi] que o filme era sobre coisas que eu disse que não eram sobre. Então eu não tenho nenhuma ideia sobre o que eu estou falando. É engraçado, meu pensamento inicial sobre [o filme] era que o roteiro era engraçado. É um tipo de comédia triste. A primeira vez que eu assisti o filme, eu fiquei chocado com o quão triste ele é. E então você começa a promover [o filme], e todo mundo está falando que é sobre o capitalismo [e] ter todo esses significados profundos, então você começa a seguir a estrada. Então eu [disse para mim mesmo] “Interessante, isso é interessante. Eu deveria falar sobre isso de uma forma interessante.” Eu quero dizer, eu sempre soube que era interessante, mas você tipo… É como olhar para uma rocha. Isso pode ser qualquer coisa.

Ele é um pouco de uma comédia triste. Há um monte de humor negro nesse filme. Por um momento, vamos falar sobre a cena da próstata. Obviamente você não teve um de verdade, mas…
Rob: [Eles usaram] Três dedos!
David : [risos]

[Risos] Eu respeito seus métodos de abordar a atuação…
Rob: Veja, para esse filme eu não tive que aprender nada sobre negociantes [de ações]. Eu não tive nenhum pensamento sobre isso o tempo inteiro. Eu nem mesmo sabia algo sobre a ocupação da Wall Street. Quando nós estávamos fazendo a cena da rebelião [onde protestantes se aglomeram no carro e começam a balançá-lo] eu não estava pensando que tinha haver com o capitalismo.
David : Bem, realmente, de alguma forma, Robert está abordando a personagem da forma que a própria personagem pensa de si mesmo. A personagem pensa, no lugar dos atores pensarem. Isso é, ele está apenas vivendo sua vida, fazendo a coisa que ele faz. É como a maioria das pessoas vivem suas vidas: elas não pensam em si mesmas como uma personagem que tem algum significado em um enredo.

Sim, então Eric seria completamente alheio ao movimento de ocupação que está acontecendo do lado de fora.
David : Sim, ele é. Como ele diz, “Duas horas atrás, um movimento internacional. Agora, o que? Esquecido.”
Rob : Essa é uma das coisas mais assustadores também, quando nós estávamos filmando essa cena. Foi um pouco assustador no primeiro take. Havia tipo 200 atores realmente empurrando o carro. Mas [dentro do carro] você percebe como é fácil para Eric ignorer isso. Nós estávamos literalmente interpretando uma cena dentro [do carro durante o montim]. Se você está em um carro blindado, você pode apenas totalmente ignorar a loucura e o caos do lado de fora. Isso não faz nenhuma diferença para você. Foi meio assustador pensar nisso depois… como [os protestantes] pensam que eles estão fazendo algo impactante e significante, mas eles realmente não estão.
David : Bem, você vai para a Bolsa de Valores de Nova York, e há postos de controle. Você não pode apenas dirigir seu carro lá mais. Eles disseram que antes de 11 de setembro, havia tours. Qualquer pessoa podia entrar na Bolsa de Valores e ver cada parte de lá, mas não mais. Mas lá estão eles, negociando, felizes e sorrindo, entretando. É muito similar à Eric e sua limousine.

Outra além da inclinação anti-capitalista, uma das coisas que eu peguei desse filme é Paul Giamatti continua inacreditavelmente talentoso.
Rob: Eu estava meio que aterrorizado sobre cada [cena], porque eu iria filmar com todo mundo por cerca de três dias, e eu e Paul fomos a última parte. Mas tendo esses pedaços independents, você meio que fica em um estate de perpétuo nervosismo até o final, quando eu tive essa grande cena com [ele]. Paul estava, felizmente, tão aterrorizado quanto eu. Basicamente, eu não tinha ideia do que iria acontecer. Mas foi realmente divertido, aquela cena, nós estávamos interpretando para risadas. É estranho. A parte, onde [Paul] está fazendo a coisa sobre os sapatos das mulheres e coisas assim, eu nunca estive em uma cena onde eu literalmente comecei a assistí-la, como se eu estivesse assistindo um filme. Foi muito bom. Eu nem mesmo vi a câmera. Eu estava literalmente apenas assistindo-o, completamente for a da cena. Eu fiquei esquecendo de dizer minha fala. Eu quero dizer, eu acho que é uma das melhores coisas que ele já fez. Eu nem mesmo poderia falar com ele sobre isso quando ele estava fazendo, porque eu sabia que se começasse a beijar sua bunda sobre fazer isso, eu não poderia ser capaz de voltar para o trabalho no outro dia. Eu acho que ele foi maravilhoso.

Vamos falar sobre aquela cena onde você está recebendo um corte de cabelo e você se levante no meio do caminho. Pelo resto do filme, você teve um tipo de look raspado na sua cabeça. Quanto tempo você o manteve fora do filme?
Rob: Eu o mantive por eras! Eu gostei. A coisa assustadora, para tê-lo mostrando no filme, você precisa mostrar o couro cabeludo, então [o ator] estava cortando muito perto.
David: E ele era um ator, não um barbeiro. E ele estava cortando o cabelo.

Rob, agora que você esteve em um filme de David Cronenberg, você tem um melhor entendimento de seus filmes? Tipo, você poderia agora completamente explicar para mim sobre o que é “Videodrome”?
Rob: É engraçado que você diga “Videodrome”. Porque eu li um monte de críticas [de Cosmópolis], e eram como “É um retorno à forma, [como] “eXistenZ.” E eu fico tipo, “Não, não é.” Obviamente é muito mais próximo de “Videodrome.” Isso vai soar ridículo agora, mas eu acho que “Videodrome” seja mais um tipo de entendimento místico. “eXistenZ” tem muito mais base na realidade, e “Videodrome” é como descrever um sonho. A maioria das pessoas não acham os sonhos das outras pessoas interessantes. Mas, algumas vezes, se você conhece a pessoa, é meio que interessante. Eu acho que escutar os [sonhos] das pessoas é interessante, até se você não as conhece. Eu também gosto de ler seus diários [risos].

Mas sim, em termos de entendimento, eu não sei. Eu quero dizer, eu entendo as coisas entranhas. Eu sou um especialista em ler as coisas de forma errada. Eu vou pegar a interpretação oposta, mesmo quando algo está descaradamente óbvio, especialmente com roteiros. A quantidade de vezes que que eu fui em uma audição para nada, eu estaria tipo, “O cara é o cara mal, certo?” E eles estão tipo, não, isso é “Diário de uma Paixão” [risos].
Rob estava errado sobre “Videodrome” ou ele entendeu certo?
David : Eu não tenho ideia do que ele está falando [risos].
Rob: [risos]
David: Então eu acho que é bem acurado.

Eu posso ver a comparação entre esses filmes, embora Cosmópolis não tenha necessariamente aquele sentiment de que a TV está dominando a vida real.
David: Bem, há telas dentro da limousine – telas mais sofisticadas. Mas também, dentro da limousine, a cidade se torna uma tela. Através das janelas das limousine, a cidade é uma cidade virtual. Poderia facilmente ser uma cidade gerada – de fato, como se constata, era – por CG. E para Eric, ele cria isso, e “Videodrame” está tocando nessas coisas.

É um pouco estranho ter todo essa fanfarra em volta desse filme? Você já teve isso com os filmes passados?
David: Bem, eu tive isso [no passado]. Eu tive Jude Law, e ele era bem atraente na época. Ele não tinha o tipo de sucesso de Crepúsculo, mas ele tinha bastante fãs. Então eu tenho trabalhado com alguns perfis bastante elevados. Viggo depois de “O Senhor dos Anéis”, ele tinha uma bastante grande base de fãs. E isso tem haver com ter o seu filme financiado, então é muito pragmático para mim. Você precisa de um ator que tenha poder suficiente para ter o seu filme financiado. E quanto mais caro é o filme, mais poder é preciso. Mas depois disso, é irrelevante. Você sabe se os fãs de Aragon querem ver “A History of Violence”? Aragon não está nele. Viggo está nele, e se você é um fã do Viggo você quererá vê-lo. É a mesma coisa com isso. Não é Edward Cullen, então se é dele que você é fã, então este não é o seu filme. Mas se você está interessado no Rob, então você é imperdível. E para mim, é tudo o que é. Porque uma vez que você está no set fazendo um filme, nós estamos em nossa própria bolha, nós estamos em nossa própria limousine, e nós amamos isso. Ninguém ao nosso redor, apenas a equipe, os atores. Nós estamos fazendo um filme, e é um momento maravilhoso.

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