31/05/2012

ENTREVISTA DE KRISTEN PARA A REVISTA INTERVIEW


Curiosamente, há uma maneira na qual Charlize Theron tem menos experiência que Kristen Stewart. Com a experiência de Crepúsculo. Crepúsculo(2008), Lua Nova(2009), Eclipse(2010),Amanhecer-Parte1(2011), e neste ano Amanhecer-Parte2 - Stewart de 22 anos tem estado no olho do furacão com o filme de maior  fenômeno, mais vezes que Theron. Em grande parte Theron de 36, contentou-se em buscar projetos que questionem sobre a maneira como as mulheres são definidas, e o modo com que elas frequentemente lidam com a opressão nestes papéis.Estes papéis variaram desde seu recente papel no filme de Jason Reitman “Young Adult” para uma enchente de biografias dinâmicas que inclue o arriscado reset de sua carreira no filme “Monster(2003)” de Patty Jenkin , com o qual ganhou o Oscar de melhor atriz, e “North Country(2005)” de Niki Caro, com qual foi nominada, assim como, quando se transforma em Brit Ekland no filme da HBO de 2004 “The Life and Death of Peter Sellers”, pelo qual ela foi nominada para um Emmy por melhor atriz coadjuvante. Até mesmo a liderança no filme de ação 2005 de Karyn Kusama “Aeon Flux” incluiu representar um personagem que existia simultaneamente como um personagem  e como um comentário de mulheres em filmes do gênero.

O interesse de Stewart na atuação séria deu a ela alguma coisa em comum com Theron – e, como Theron, alguns dos seus trabalhos mais provocativos vieram através de trabalhar com mulheres. Para Theron foi “Monster”, da escritora-diretora Jenkins que marcou a virada. Mas a história de Kristen de se juntar com mulheres abrange toda sua carreira, e inclue sua atuação com 10 anos de idade no seu primeiro filme de Rose Troche “The Safety Objects (2001)” assim como co-estrelando com Jodie Foster (que é claramente um modelo) no filme de David Fincher “Panic Room(2002)”, sendo contratada para o primeiro filme Crepúsculo, dirigido por Catherine Hardwicke, e sua notável transformação na roqueira pioneira Joan Jett no épico filme indie de garotas “The Runaways(2010) de Floria Sigismondi. Stewart e Jett se conheceram durante a filmagem de “The Runaways” e como Foster, a influência de Jett em Stewart é evidente. (Stewart achou engraçado quando contei uma história sobre o filme de Paul Schrader “Light of the Day” de 1987, no qual Jett co-estrelava com Michael J. Fox; o título original do filme era “Born in the USA”,o qual Bruce Springsteen gostou tanto que ele pediu a Schrader se poderia usá-lo e escreveu uma canção ao diretor como recompensa.)
O próximo Branca de Neve e o Caçador, um reconto do clássico conto de fadas em armadura interpretado pelo, primeira vez como diretor, Rupert Sanders , transforma a personagem da maçã de Branca de Neve em algo como uma novela de celulose de Robert E. Howard, e representa uma partida para as duas Theron e Stewart. Theron disse que estava intrigada pela demanda psicólogica da matéria em representar a complicada Rainha Ravenna, e a atuação de Stewart como Branca de Neve, a mais bela de todas, no primeiro papel de heroína de ação, deixou-a, literalmente em constante movimento.
Mas ambas  se divertiram por serem desafiadas – pelo trabalho e pela
conversa. Estou satisfeito por dizer que a recompensa com cada uma – eu falei com elas separadamente; em pessoa com Stewart, e ao telefone com Theron – é que elas riem rápido, o que faz com que falar com elas seja ainda mais prazeiroso.

Elvis Mitchell: Olhando os filmes que fez, uma coisa que me intriga é que você trabalhou com muitas mulheres – e muitas mulheres diretoras.
Kristen Stewart: Bastantes, sim, o que é raro. É difícil generalizar sobre este assunto porque as mulheres com quem trabalhei foram todas tão diferentes. Mas se há uma coerência, poderia ser que você tem que lidar consigo mesma de maneira diferente num set. As mulheres podem ser mais emocionais – pelo menos elas as vezes mostram mais.
Mitchell: De que maneira?
Stewart: Sim – se é abordando uma emoção direta. Quero dizer, é essa coisa estranha que eu sempre sinto como se tivesse que me policiar, tipo “Não venha com muita força porque você não conseguirá”. “é como se você tivesse que ter tato na maneira como você obtém as coisas. Mas é principalmente nas discussões em grupo que coisas como estas aparecem. Nas conversas pessoais entre o diretor e ator, os diretores, homens, com quem trabalhei são iguais de emocionais. Talvez porque eu tive que começar tendo conversas muito íntimas com homens adultos numa idade muito jovem para poder conseguir trabalho, mas eu realmente estou cômoda com caras. Quero dizer, nós ultrapassamos limites neste negócio em termos de conhecer pessoas. Há coisas que os diretores sabem de mim que as pessoas não deveriam saber. Mas, todo mundo realmente é diferente. Eu trabalhei com mulheres que eu nunca quis contar coisas de mim mesma e eu trabalhei com caras que derramavam poços de emoção. Então disponibilidade emocional não é coisa de um gênero específico.
Michell: Quando foi a primeira vez ,que se lembre, que trabalhou com uma mulher e se sentiu imediatamente conectada?
Stewart: Bem, Jodie Foster [Foster com quem Stewart trabalhou no filme de David Fincher Panic Room,2002] Mas, prá dizer a verdade, a primeira pessoa que me contratou para um filme foi uma mulher: Rose Troche, que dirigiu “The Safety of Objects [2001].
Mitchell: Você era uma criança quando fez este filme.
Stewart: Sim, eu tinha 10 anos. Foi o meu primeiro papel. Eu quase desisti de ir as audições naquele momento. Eu não conseguia nada e percebi que não valia pena. Mas esta foi a primeira vez que eu tive uma audição onde de repente eu senti alguma coisa. Eu me lembro de olhar para cima e havia uma câmera porque eu estava sendo filmada, e olhei para Rose e soube imediatamente que conseguira o papel sem mesmo ela dizer qualquer coisa.
Mitchell: Só pela maneira que ela estava te olhando?
Stewart: Sim, totalmente. E depois nós nos sentamos e falamos sobre o papel e de como era um papel estranho para uma pessoa jovem interpretar, ser confundida com um garoto – o personagem de Tim Olyphant vê algo no meu personagem que o faz lembrar seu irmão que morreu. Mas Rose estava realmente sensível com relação a isto e eu tipo “Não, é legal. Eu pareço mesmo um garoto! Está totalmente de acordo comigo!” Ela tipo, “Ótimo. Não terei que ser delicada com relação a isso”. “É interessante agora que trabalhei com crianças também. Com crianças, é tipo, você pode ver coisas que eles não estão cientes ainda, mesmo que tenham de sobra. Eu posso totalmente ver como todas essas mulheres tipo “Oh, esta criança gosta disto. Ela não está aqui apenas pelos números”. Mas eu não continuaria fazendo coisas da maneira que eu faço se eu apenas estivesse fingindo em “Safety of Objects”. Eu não sou uma artista. Especialmente quando era mais jovem, eu não era o tipo de criança para colocar num show. Atuar era realmente só querer ter algumas experiências.
Mitchell: Você sentiu até aquele momento que as pessoas te tratavam como uma criança e não como alguém que realmente queria estar alí?
Stewart: Sim. E legitimamente assim. Mas não é tipo eu estava chateada com a maneira que me tratavam. Eu só queria muito estar incluida.
Michell: O filme “The Safety of Objects” é um filme muito feminino também, que envolve histórias de mulheres e seus pontos de vista.
Stewart: É. É estranho, entretanto, falar sobre toda essa coisa de mulher – especialmente agora com Branca de Neve, Charlize, e tudo mais. Eu tenho essa aversão estranha a pessoas que dizem “É um filme bom de mulheres fortes. É realmente forte. Vocè está tentando fazer coisas deste tipo?” Me perguntam isto constantemente.

Mitchell: E você está?
Stewart: Sim. Todo mundo diz “Todos os papéis que você escolhe – todos eles tem um tipo de excitação.” E, realmente, é por acaso. É quase como se estivesse desacreditando da força dizendo: “Garota forte, garota forte”.É como, “Ela é uma pessoa tão forte”. Sim, toda essa coisa de mulher…eu realmente não sei como lidar com isso. Estes personagens são todos apenas pessoas.
Mitchell: Então o que você viu em Branca de Neve e como este personagem fez  com que você quisesse tentar trazer estas qualidades para tela?
Stewart: Há tantas coisas das quais Branca de Neve foi privada em termos de ter o próprio tempo para realmente desenvolver e aprimorar quem ela é. Ela é colocada numa prisão no inicio da sua vida, então ela é uma pessoa atrofiada. Ela tem um conceito realmente idealizado de como é o mundo, e de como as pessoas deveriam viver, e como todas as coisas poderiam ser maravilhosas e há este isolamento que debilita que ela sente porque ela ficou trancada numa pequena cela por sete anos. E eu posso, tipo, me relacionar com isso. Há algo…não é o motivo pelo qual eu quis fazer o filme, mas os fãs e as pessoas que adoraram Crepúsculo, elas te colocam neste tipo de plano diferente onde você não é real.
Mitchell: Você se tornou num tipo de ideal?
Stewart: Exatamente. É como se você não existisse. E Branca de Neve não existe.É assim como ela começa na história – ela é só uma falsa esperança. Ela também não acredita no destino. É tipo, como ela poderia derrotar algo que destruiu o coração e a casa  destas pessoas. Como isto poderia ser possível para uma garota? E é apenas sobre coração. Eu queria me unir a sua causa. A razão que eu quis fazer o filme foi porque eu só queria “Eu sei que isto dói mas este é o seu fardo e eu estou te apoiando”. Nós também não temos uma rainha simplesmente má. Não é que Ravenna não tenha nenhuma humanidade. É só que ela não é capaz de ser completamente humana. Então o que eu também adorei sobre o filme foi que nós não tivemos dois pólos opostos onde o bem vence o mal porque é melhor. É so que nos tempos difíceis, você tem que ter força  no coração. Você não pode ser um bastardo egoísta. Algumas pessoas vão se machucar, mas trata-se de que com certeza o todo prospere.
Mitchell: Então é a sua chance de ser Joana Darc.
Stewart: [risos] Ela é absolutamente Joana Darc
Mitchell: Como você incorporou alguém que tem este tipo de força vital?
Stewart: O complicado é que você não pode ter o efeito de Branca de Neve nas pessoas. Eu não posso ter esta luz supernatural que tipo imediatamente afeta aqueles ao meu redor. Houve coisas que eu precisava acreditar, mesmo que fosse difícil de vez em quando. Mas eu fiz porque a parte da fantasia disto foi bem escrita. Você sabe como quando conhece as pessoas na vida as vezes e “Wow, você tem esta energia…” É só um tipo de versão aumentada disto.
Mitchell: Você vê pessoas em filmes como este todo tempo com este tipo de qualidade onde elas são alguma coisa maior que qualquer um ao redor deles. Você se inspirou nestes filmes como uma espécie de antecedente para este? Ou você tentou se inspirar numa versão real da vida de alguém que você conhecesse e que tinha este tipo de qualidade?
Stewart: Eu não pensei numa pessoa específica…quero dizer, ela é muito maternal. Eu sinto que muitas mães tem o efeito que Branca de Neve tem nas pessoas.
Mitchell: Sua própria mãe, até certo ponto?
Stewart: Sim, definitivamente – às vezes. Minha mãe é durona. [ambos riem] Mas comigo, ela é definitivamente maternal. Acho que provavelmente todo mundo que estava envolvido no projeto teve o mesmo sentimento sobre a história que o diretor Rupert [Sanders] e eu tivemos, que é, se você acredita nisto o bastante você começa a ser capaz de convencer a si mesmo de coisas que nunca poderiam ser verdade. Mas é a mesma luta para Branca de Neve também, ela não acredita realmente no seu próprio efeito nas pessoas.
Mitchell: Como foram suas conversas com Rupert que está basicamente construindo esta enorme cidade sem arranhões? É muita confiança para depositar em alguém que literalmente nunca fez um filme como este antes.
Stewart: Bem, uma grande coisa que Rupert fez como diretor foi me colocar num ambiente que parecesse tão real que tudo que tinha que fazer era viver lá. Nada, nunca pareceu estúpido – até o Troll na minha frente. Com algumas coisas nos filmes fantasia, onde você está na frente de telas verdes e coisas deste tipo, você tem que ter uma imaginação confiável. Você não pode ser inseguro ou ter aquela coisa que te diz “Isto é estúpido” . E para o crédito de Rupert, eu raramente disse “Verdade? o que estamos fazendo aqui?” você sabe, Branca de Neve não fala muito, e o filme é tão agitado com coisas acontecendo tão rápido que quem ela é não estava realmente definido numa linha ou cena. Era algo que presisávamos descobrir entre as linhas – e isto foi assustador e difícil até o último dia.
MITCHELL: Com um filme como Welcome to the Rileys, eu me pergunto como você anda longe de ser aquele personagem. [No filme, Stewart interpreta Mallory, uma stripper adolescente que desenvolve uma amizade com um homem, interpretado porJames Gandolfini, cujo casamento está caindo aos pedaços conforme  ele se entristece com a morte de sua filha.]
STEWART: Reprodução de um personagem como Mallory é difícil. Não desacreditar da situação pessoal de alguém ou da vida real, mas há tantos exemplos de meninas como essa, e um filme pode muito facilmente se tornar um resumo quase clínico do que leva alguém
para uma determinada posição. É difícil interpretar um papel como esse porque você quer que todos que já andaram por esses sapatos ficarem tipo, “Sim, quero dizer, esse é o jeito que acontece…” Piedade é uma coisa muito estranha com as mulheres abusadas. Você não quer que ninguém pense que você se sente mal – mesmo que você se sinta. Então foi apenas interessante  fazer esse papel e trabalhar com James. Fui para Nova Orleans para fazer o filme e vivi por mim mesma e caminhei ao redor da cidade. Mas andando longe desse personagem… Provavelmente ainda não desapareceu completamente, mas pelo primeiro pouco tempo depois, eu estava tão sensível e tocada de uma maneira que a minha personagem nunca seria. Eu era tão protetora e defensiva quanto as meninas, e sexo em geral.
MITCHELL: Depois de ver seu desempenho em The Runaways, onde você interpreta essa garota que está tentando descobrir o que ela quer ser, enquanto outras pessoas estão tentando forçá-la a se tornar em outra coisa – me parece que eles são papéis semelhantes, no sentido de que essas duas jovens estão à procura de uma espécie de família, mas ao mesmo tempo, ambas as personagens são incrivelmente desconfiadas da maioria das pessoas. E no caso de The Runaways, você está interpretando um personagem baseado em pessoa real, também, em Joan Jett.
STEWART: E Joan é alguém que é tão protetora. Quero dizer, Joan está coberta por uma armadura.
MITCHELL: Ela até usa o cabelo como um capacete. Ela é alguém que sabia que ela era uma artista, mas ao mesmo tempo, estava sendo tratado como uma mercadoria.
STEWART: Mas eu acho que é legal  sair de algum lugar onde você está sendo empurrado para um molde e então você descobre quem você é. Talvez ela não teria descoberto exatamente quem ela era se ela não estivesse sendo forçada a fazer outra coisa e lutar contra isso.
MITCHELL: Parece que Joan seria outro hábito difícil de sacudir.
STEWART: Ela era. Fui fazer Eclipse logo depois, e eu acho que o diretor do filme deve ter dito a um outro membro do elenco que ele tinha de tirar o Joan Jett para fora de mim. [Mitchell risos] Por um tempo, eu só andava meio curvada. Joan tem grandes ferramentas de defesa, e eu fiquei um pouco associadas a elas.
MITCHELL: Como quais?
STEWART: Apenas do jeito que ela lida com as pessoas. Acho que estávamos promovendo Lua Nova  quando eu estava terminando The Runaways, e eu lembro de ter ido para a Comic-Con com uma camiseta da Minor Threat. Fiquei muito feliz e animada para estar lá, mas eu estava tão na defensiva e louca. [risos] É difícil lidar com a imprensa. Há sempre um monte de perguntas que conduzem e opiniões. Claro, nosso trabalho é criativo, e é subjetivo. Mas eu estava totalmente Joan Jett. Nós estávamos fazendo entrevistas, e uma coisa errada era dita, e Joan tem essa capacidade louca de apenas desligar e olhar para você como, “Bem, eu estou pronto agora. Mais tarde.” Foi tão. . . Eu não sou assim, mas. . . Sim, eu estava assim então.
MITCHELL:  Foi parte dele facilitada pelo fato que é um filme que demanda muito fisicamente. Isso a ajudou?
STEWART: Sim, eu acho que isso realmente ajudou a definir a personagem em muitas formas. Eu gostei de não ter que fingir isso, porque nos rascunhos originais do roteiro, Branca de Neve meio que se torna essa pessoa ninja de um dia pro outro que é capaz de dominar esse homem armado de 1.80m de altura, o que nunca aconteceria. Nós queríamos que tudo fosse tipo, “Oh, porra. Ela quase consegiu.” Alguém do meu tamanho não poderia ir para uma guerra de homem e sair de lá vivo apenas com uma espada. Isso simplesmente nunca aconteceria.
MITCHELL: [risos] Eu nunca ouvi chamarem isso de “guerra de homem” antes.
STEWART: Uma guerra de homem.
MITCHELL: Eu acho que isso deveria ser o próximo filme… [Stewart ri] Conte-me sobre Charlize.
STEWART: Ela não é como ninguém que eu já encontrei. Ela é uma dessas pessoas que entra em uma sala e todo mundo sabe disso.
MITCHELL: Ela é uma estrela de filmes.
STEWART: Ela é uma porra de estrela de filme. É engraçado, também, porque ela sempre diz, “Eu realmente não sou uma performista.” Mas eu sou tipo, “Sim, não mesmo.” [risos] Ela é uma atriz e uma performista.
MITCHELL: É engraçado que você mencionou isso porque ela disse a mesma coisa para mim.
STEWART: Bem, eu acho que isso é a atriz nela. Eu acho que ela ama ser uma atriz e é tão fiel a isso que pode não conhecer tudo que é capaz de fazer. Mas ela foi tão real todo o tempo. Ela não foi o tipo que facilmente abalou em um set. Ela é muito no controle de suas coisas.
MITCHELL: O quão disso é como você?
STEWART: Depende. Alguma coisas vêm realmente fáceis, e elas
simplesmente explodem para você, e então assim que você diz “corta”, é fácil respirar e brincar por aí. Mas há certas coisas onde eu apenas precisava mais de introdução – apenas para convencer a mim mesma do que eu estava fazendo. Mas Charlize e eu meio que temos enfoques similares. Nós só tivemos alguns dias juntas, mas ambas estamos absolutamente desejando nos machucar para fazer  o que for preciso para ter o sentimento certo, e nem todos os atores são como isso. Muitos atores gostam de estar realmente confortáveis.
MITCHELL: Essa parte do fazer é fiel a você mesma – em ter esse desconforto?
STEWART: Sim, definitivamente.
MITCHELL: Com On The Road, você está interpretando uma pessoa real em LuAnne Henderson [a inspiração para Marylou, a personagem de Stewart], mas ao menos você teve o filtro da interpretação de Jack Kerouac, então você está interpretando alguém que é baseado na versão dele dessa pessoa.
STEWART: Mas nós estávamos a par de muito mais. A versão de On The Road de Walter Salles é realmente uma mistura entre o romance On The Road e versão original do texto que Kerouac escreveu, o que é diferente, e a história de tudo. Nós usamos muito do que aconteceu fora das páginas de On The Road, e por causa disso, eu acho que as personagens femininas mudaram muito – elas começaram a funcionar como algo a mais do que brinquedos. Foi muito mais fácil interpretar essa parte comparada em apenas ler o livro e ficar, “Wow! Essa garota apenas não liga para porra nenhuma. Ela é só um tipo de sociopata.”
MITCHELL: Porque você leu o livro, e a principal coisa do livro é “Quem eu posso usar? E como eu posso usar essa pessoa que está na minha frente agora?”
STEWART: Completamente. LuAnne estava ciente disso. Ela é durona. Ela é defensiva algumas vezes, mas ela realmente brilha. Nós ouvimos por horas uma fita dela, e ouvindo sua perspectiva tornou isso mais fácil.
MITCHELL: Há uma fome verdadeira em várias dessas jovens mulheres que você tem interpretado – esse apetite por alguma coisa.
STEWART: Isso é totalmente verdade. Eu acho, no entanto, que há um nicho que as pessoas estão tentando preencher agora por causa da
audiência feminina. Mulheres querem que outras mulheres sejam fortes, então há toda uma série de roteiros que são basicamente personagens masculinos renomeados como mulheres. É tipo, “Isso não é uma mulher. Isso não é uma mulher forte. Isso é apenas uma mulher tentando imitar um homem.”
MITCHELL: Porque a maioria desses roteiros estão sendo escritos por homens. Mas muitas jovens mulheres que vêem seus filmes parecem investir em você de uma forma que eles provavelmente não iram fazer com outras pessoas.
STEWART: Eu acho que algumas pessoas gostam disso. Se eu sou uma delas, então é excitante, é estranho, é legal. Eu espero manter isso indo.
MITCHELL: É estranho para você?
STEWART: Bem, obviamente, isso é o que nós todos esperamos. Mas eu não poderia imaginar fazer um projeto com a ideia de como isso afetará as pessoas. Isso realmente tem que afetar você primeiro, e se fizer, então talvez o fará com outras pessoas… Eu acho que as pessoas que não têm isso estão claramento escolhendo coisas para se tornarem atrizes famosas. Elas estão claramente escolhendo as coisas para fazer dinheiro. Quero dizer, eu amo L.A. – eu amo viver aqui. Mas eu desejo que nós pudéssemos fazer as coisas sem a necessidade de fazer um home run (no baseball é uma rebatida em qual o rebatedor é capaz de circular todas as bases, terminando onde começou) todas as vezes. É uma coisa sem igual em Hollywood que se você não fizer isso todas as vezes, então você é considerada um fracasso. Mas é como, “Bem, você está fazendo filmes para ser famoso? Ou você está fazendo filmes para aprender alguma coisa?” E isso começa a influenciar as decisões das pessoas. Isso faz sentido porque é difícil se manter famoso em Hollywood sem imaginar qual é a sua trajetória e como as pessoas irão perceber isso. Mas eu não fiz isso. Eu apenas tenho muita sorte.
MITCHELL: Essa parte do sucesso: imaginando o que sucesso significa para você.
STEWART: Eu me sinto extremamente bem-sucedida – e não é só porque eu posso dar início a um filme agora. É porque eu realmente só trabalhei com pessoas que eu realmente amo, e eu só tive más experiências com um ou dois diretores.
MITCHELL: O que foi ruim nessas experiências?
STEWART:  Eu acho que sempre se resume em pessoas não estar lá pelas razões certas, e não estarem presents pelas mesmas razões. É um milagre quando as coisas vêm juntas. Mas algumas vezes isso não acontece – e quando não acontece, você tem que terminar o filme [risos]
MITCHELL: Como você faz quando isso acontece?
STEWART: Isso apenas torna mais difícil, um trabalho mais ingrato.
Você se acha ocasionalmente tendo que mentir… É uma porcaria. Eu odeio isso.
MITCHELL: Você quer dizer mentindo para você mesma para poder fazer isso?
STEWART: Há apenas certos momentos que você pensa que está indo em um certo caminho, e por causa disso eles foram mudados, não é você e seu personagem mais – é nada. Você está literalmente sendo um ator – você está fingindo – e isso não é o que eu gosto de fazer. Quando você olha de volta para o filme, esses momentos às vezes aparecem. Mas eu acho que a forma que eu abordo as coisas tem algo a ver com crescer vendo meus pais indo trabalhar todos os dias. Você sabe, minha mãe é uma supervisora de roteiros. É como o negócio da família. Isso nunca teve o sentimento de entreterimento. É mais como “Eh, é apenas um filme,” com aquela mentalidade de equipe, o qual é, “Nós fizemos isso antes e podemos fazer isso de novo.”
MITCHELL: Então ter visto seus pais fazerem o que eles fazem, o que desencadeou a ideia de, “Eu quero ser parte daquilo, mas não pelas razões que eles estão fazendo-o”?
STEWART: Bem, minha mãe tem agora realmente escrito e dirigido um filme, então sua abordagem disso tudo mudou rapidamente.[risos]Mas eu fui uma extra por algumas vezes, e eu pensei que era divertido – era algo a fazer para sair da escola. E então quando eu comecei a fazer audições, como eu disse, eu não peguei nada por um longo tempo, então quando eu finalmente peguei The Safety of Objects, foi como se eu estivesse descoberto alguma coisa. Foi uma experiência em que eu senti alguma coisa, a transfomei em algo e peguei um papel. Então foi tipo, “Bem, eu acho que é assim que se consegue um papel.” Eu quero dizer, isso soa realmente óbvio para um ator. Sim, é claro que você precisa sentir isso. Mas não é tão óbvio para alguém tão jovem.
MITCHELL: Parece que cada ano você tem esses dois selvagemente diferentes puxões entre os grandes filmes que você faz, como os filmes de Crepúsculo, e os filmes menores que você já fez. Eu lembro 2 anos atrás quando você teve Welcome to the Rileys [2010] e The Runaways no Sundance.
STEWART: É, eu acho que foi Crepúsculo, Welcome to the Rileys, Lua Nova, Runaways, entãoEclipse, então foi como cada um desses filmes entre cada filme de Crepúsculo.
MITCHELL: Isso foi apenas para lembrar a você o porquê de fazer isso?
STEWART: Apenas aconteceu de eu ter tempo suficiente para ser capaz de pegar outros papeis entre esses primeiros filmes de Crepúsculo. Mas não foi para provar às pessoas que eu tinha algo a mais a dar.
Mitchell: “The Runaways”, de qualquer maneira, deve ter vindo num momento interessante, porque naquele momento as pessoas estavam começando a ter certas expectativas com relação a você. Você sente que isto te deu uma perspectiva que você poderia não ter tido se você tivesse feito o filme Crepúsculo antes?
Stewart: Oh, sim. O frenesi que estávamos atuando no filme era interessante porque eu o tinha experimentado com o único sucesso de Crepúsculo, onde as pessoas ficavam absolutamente loucas com ataques de choro, pelo chão em frente de você. Depois, aquela coisa de ter pessoas querendo chegar a … Joan era tão protetora comigo com relação aos paparazzi. Eles ficavam seguindo nosso set  como loucos. Ela estava tão preocupada e emotiva sobre isto,e eu estava sempre “Tudo bem; Eu estou bem”. Mas incomodava-a muito. Nós chegamos a nos conhecer tão bem, sendo assim ela sabia que eu não era o tipo de pessoa – embora muitas pessoas pensam isso de mim – que não me importo.  As pessoas pensam que eu sou realmente intocável, o que também é traduzido para um monte de gente que eu sou super ingrata.
Mitchell: De onde vem isso?
Stewart: Eu acho que as pessoas estão acostumadas a verem os atores serem abertos e entregando-se desesperadamente, e enquanto eu faço isto num set de um filme tanto quanto eu possa, é tão antinatural  para mim faze-lo na televisão, nas entrevistas, em qualquer coisa igual. Eu também não acho que o meu progresso como ator seja realmente da conta de alguém. Muitos atores se sentiram assim. Quero dizer, há essa citação incrível que Joanne Woodward disse, “Atuar é como sexo: deve-se faze-lo e não falar a respeito.”
Mitchell: As pessoas agora falan de sexo todo tempo.
Stewart: Oh, eu sei. [risos] Mas eles realmente falam disso pessoalmente?
Mitchell: Eles vendem. Quero dizer, Há pessoas que conseguiram ficar famosas por terem videos de sexo delas mesmas por aí. Não se pode ser mais franco sobre isto do que, “Aqui estou eu fazendo sexo…”
Stewart: Sim, mas eles estão mentindo enquanto este video está sendo feito. O ato é por si próprio uma mentira. Você está fingindo algo. A garota está deitada alí, ela está fingindo que ela não sabe que a câmera está ligada, batem nela, e “acidentalmente” a fita vaza (vem a público). Todo mundo vaza a sua própria fita de sexo!.  Isto é um tática para ficar famoso – não tem a ver com o sexo. Não é como quando Madonna fez o seu livro de sexo, e foi  um empenho artístico onde ela reconhecia e falava sobre isto e era tão aberta sobre isto. É diferente. Não é aberto. Não é honesto. É um truque para ficar famoso.
Mitchell: Faz você imaginar o que Joanne Woodward faria hoje em dia se ela estivesse começando.
Stewart: Ela provavelmente seria como eu. Há também muitos outros atores, que fazem isto por que tem que.
Mitchell: Você tem que?
Stewart: Sim, você tem que.
Mitchell Há alguma coisa que te leva a fazer isto?
Stewart: Oh, definitivamente. Acho que existem muitos atores que atuam porque têm um impulso para fazê-lo e eles não podem ignorar isto. Mas o que realmente quero dizer é que eles fazem o processo de entrevistas porque eles têm que fazer. É um bom negócio: se eu posso fazer este papel então eu vou vender isto. Eu só não queria que fosse eu que tivesse que fazer isto porque parece muito antinatural.
Mitchell: Você não gosta de falar sobre o processo de fazer filmes?
Stewart: Não, eu gosto – eu adoro me sentar e ter conversas verdadeiras. Mas eu não faço disto um pequeno discurso, ser sinceramente engraçada. Eu estou tão preocupada com  a coisa certa aparecendo… Eu sei que o julgamento das pessoas é rápido, e numa fração de segundo eu arruinaria isto.
Mitchell: Verdade? Tendo feito isto por tanto tempo como você fez, você ainda sente que as pessoas tem esta expectativa com relação a você e que você ou não pode fazer ou não gosta de fazer?
Stewart: Eu não posso fazer isto. Não é que eu lute contra este desejo de ser consumível. É só que eu coloquei muito peso no que eu faço, e você e eu podemos falar um com o outro de uma certa maneira porque é assim que as pessoas interagem, mas eu realmente não sei como falar com o mundo inteiro. As pessoas cultivam estas personalidades totalmente formadas. Eu fiz entrevistas com atores com quem trabalhei que eu realmente gostei, e eu tipo, “Wow, olha prá você. Você só está seguindo…você nem sabe o que está falando!” Então, você assiste a entrevista mais tarde, e eles realmente não dizem muito, mas é interessante, engraçado e envolvente. Enquanto que eu me sento alí e pareço um pouco séria demais, e logo que isso acontece então você fica desconfortável e não quer olhar. Também é esquisito falar sobre projetos como ator porque se está tão dentro deles. Eu preferiria escrever um papel e entregar para todo mundo via e-mail. [ambos riem] É muito que pensar no Jay Leno.
Mitchell: Bem, no contexto de alguma coisa como The Tonight Show, as pessoas estão esperando que você seja aquela coisa que você não quer ser: uma “artista”. Mas, ao mesmo tempo, há um  aspecto de performance no que você faz. Você vê a ironia disto, certo?
Stewart: Sim, mas o aspecto da performance vai embora do set pra mim. O motivo que eu escolho coisas é porque eu sinto que este personagem tipo existe. Assim é no set, é realmente mais tipo “Oh, cara, eu tenho que fazer justiça a isto”. Trata-se de não deixar alguém pra baixo.
Mitchell: É muita pressão para colocar em si mesma.
Stewart: Sim, mas quero dizer, é a única razão para fazê-lo.
Mitchell: Você gosta desta pressão?
Stewart: Sim. Eu não sei porque alguém faz o trabalho sem pressão.
Mitchell: Eu sei que é uma coisa óbvia de dizer, mas você deve ter isso todo o tempo, quando as pessoas vêm até você e dizem que você não é nada igual aos papéis que você faz.
Stewart: Sim, acontece o contrário também.
Mitchell: Acontece?
Stewart: Sim, muitas vezes, me dizem “Você não gostaria de fazer alguma coisa um pouquinho mais fora da sua zona de conforto’” Você sempre faz estas mulheres sem rodeios, de pensamentos avançados e fortes. “Mas eu tipo, “Você está brincando comigo?” Se você  ver os filmes recentes que fiz, toda esta luta é pra chegar a este ponto, então não é algo que você tenha tão fácil … Mas tudo bem. Não me incomoda. Eu tenho feito as coisas bem até agora.
Mitchell: Acho que você está fazendo bem. [risos]
Stewart: Vamos só ver se posso ficar aqui  e não ser chutada pra fora da piscina.
Fonte | Tradução: Elza, Lívia Maria e Vanessa Lopes DE kstewartbr

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