Eles eram jovens, selvagens e livres, e foram para a estrada num turbilhão de diálogos, sexo e bons tempos. Eles estavam a procura de um novo modo de vida, e eles inspiraram uma geração de jovens a procurar junto com eles.
E esses são apenas os atores. Kristen Stewart, a atriz de 22 anos, surgiu em público esta semana pela primeira vez nos últimos 2 meses. A ocasião foi a estreia norte-americana de On the Road, a adaptação de Walter Salles do livro de Jack Kerouac, sobre um grupo de jovens que guiam pelas estradas da América em 1950.
Stewart interpreta Marylou, uma adolescente de espírito livre que se casa com o animadamente espirituoso e viajante – o carismático chamado Dean Moriarty, interpretado pelo ator em ascensão, Garret Hedlund – para uma vida de drogas, sexualidade aberta e a busca por um novo tipo de vida. O livro tornou-se o documento definitivo da tão chamada Geração Beat, de jovens modernos do pós-guerra na América.
“Como uma menina sensível desta época, que é talvez um pouco mais convencional – ha ha – Eu estava um pouco curiosa sobre como poderia ter a força para fazer as coisas que ela fez”, Stewart disse no dia após a premiere de On The Road no Festival Internacional de Cinema de Toronto. “E não é nada disso. Exige muita força para ser super-vulnerável. Ela era tão tão tão aberta para o mundo”.
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“Se se aproxima dele como uma conclusão do processo, existem coisas que nunca iriam ocorrer se não tivesse perguntado”, Stewart comentou sobre as entrevistas. “Sente-se e tenha uma conversa de 10 minutos com 15 pessoas diferentes; se não tirar nada disso, você é um sociopata”.
Hedlund acrescentou, “No final do dia, nós dois sabemos que esse é o final da longa estrada em que estávamos”.
É uma estrada que, de alguma maneira, tem estado em curso desde que Kerouac publicou o livro em 1957, disfarçando-se (o seu personagem, interpretado por Sam Riley, é chamado de Sal Paradise) e os seus amigos (Dean Moriarty é na verdade Neal Cassady), se aventuravam no asfalto de mão dupla, de um simples e pouco povoado país, em busca de diversão e da verdade.
“É a expressão da juventude”, disse Hedlund. “Querer entender e ter tudo ao mesmo tempo. Vida longa e nunca morrer”.
Hedlund visitou San Francisco para passar por onde Cassady foi criado: um museu em sua memória, a livraria de “City Lights” que publicou vários poetas da Geração Beat, os restaurantes onde Kerouac, Cassady e Alan Ginsberg e o restante, frequentavam. Ele disse que estava a sair de um bar quando um vagabundo lhe pediu 20 dólares, então ele perguntou ao homem – que era um ex-jogador de futebol americano que tinha acabado de sair da prisão em San Quentin – o que a Geração Beat significou para a cidade.
“Ah, a Geração Beat está morta e enterrada agora”, Hedlund cita o que o homem disse a ele. “Naquela época era a consciência social. Agora há as crianças ricas de 21 ou 22 anos, a guiar a BMW dos seus pais, tentando viver essa vida, mas isso é uma farsa”.
“Não é um estilo, é um sentimento, é comose expressa para o mundo, a sua honestidade interior e a verdade, e como se fosse completamente sem censura e não se importa. Isso é tudo o que se é, e se vive desta maneira, estaria qualificado para dizer que se assemelha a Geração Beat”.
Hedlund leu toda a literatura, se encontrou com os membros da família de Cassady, e ele descobriu um homem que queria experimentar de tudo na vida. “As coisas foram acontecendo e ele queria estar lá. Alguém disse que as festas existem sem estar lá, para não se preocupar com isso e descansar à noite. Mas ele não era aquilo. Ele queria estar na festa”.
Marylou, a personagem de Stewart, não é tão conhecida.
Ela era realmente uma adolescente chamada LuAnne Henderson, mas Stewart disse que deixou para trás um longo registro de pensamentos sobre aquela era.
“Eu tenho o que foi possivelmente o trabalho mais fácil,” ela disse. “Eu teria feito qualquer coisa para estar neste filme. Eu teria interpretado (personagem secundário) Chad King. Então, foi assim que me aproximei disso. Eu amava tanto o livro, eu queria estar perto de Walter, eu queria estar por perto das pessoas interessadas nele. Eu só queria fazer qualquer coisa”.
Juntos, eles fizeram um mundo que parece mais livre, em alguns aspectos, do que a cultura de hoje: por exemplo, Dean e Marylou são mostrados fazendo parte de sexo em grupo com amigos, e nenhuma culpa é atribuída. Hedlund diz que enquanto as estradas são mais poluídas agora, com outdoors e linhas telefônicas, ainda é possível pegar a estrada.
“É um nível de ambição e de direção”, ele diz. “É uma questão de para onde quer apontar a sua flecha. As coisas que mudaram com o tempo são as rodovias e as estradas. Não são já tão livres. Não há muitas boleias, não nas estradas principais. Para chegar mais rápido, tem de se ir pelas estradas secundárias. Há experiências maravilhosas a serem tidas. Quando se é jovem, acha que pode conseguir qualquer coisa. O mundo está ao seu alcance. E então, a realidade começa a apanhar-te. Mas eu acho que é sempre possível: todos querem sair da casa dos seus pais, não ir pra escola e não ter toque de recolhida. Algumas pessoas não conseguem êxito. Algumas pessoas o têm. Algumas pessoas tem histórias maravilhosas e algumas têm contos tristes. Tudo é relativo”.
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