25/05/2014

ENTREVISTA DE KRISTEN COM LE MONDE


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Dois anos depois de On the Road, Kristen Stewart subiu novamente pelas escadas de Cannes na sexta-feira, 23, por seu papel em Sils Maria de Olivier Assayas. Notável de ponta a ponta, a estrela da Saga Crepúsculo interpreta a assistente de uma celebridade, interpretada Juliette Binoche.

Le Monde: Como foi o screening?
Kristen: Muito bem. Pode ser que porque eu sou americana e nós consideramos o cinema uma forma de entretenimento, mas eu, inicialmente, não pensava que um filme descaradamente filosófico fosse de interesse de um público daquele tamanho; parece que foi o caso, eu acho.



LM: Com o papel interpretado por Chloë Grace Moretz, sua personagem incorpora a América em um filme Europeu.
K: É a primeira vez que eu gravo um filme inteiramente na Europa, é verdade. Em certo ponto, eu fui considerada para interpretar a personagem de Chloë. Em minha opinião, teria sido um erro. Eu queria a oportunidade para criticar o consumo em massa de vidas falsas criadas pela mídia através da minha personagem. Quando você pensa sobre isso, é um fenômeno estranho que não beneficia ninguém intelectualmente. Por que nós divagamos assim culturalmente? Algumas das minhas falas refletem exatamente o que eu penso dessa estupidez. Olivier encontrou as palavras certas.

LM: O que fez você aceitar o papel?
K: Depois que Charles produziu On the Road, ele me convenceu que Olivier era o diretor perfeito para mim. Eu estava satisfeita com o roteiro imediatamente. Olivier me disse que ele tinha escrito sem pensar em mim. Na verdade, sua visão sobre o consumo de arte já era assim. Vamos dizer que eu estando lá só fez alguns momentos mais emocionantes, por causa de minhas experiências passadas.

LM: Você estava ciente da história dele no mundo do cinema?
K: ‘Sils Maria’ parece bem diferente comparado aos seus filmes anteriores, para mim. Ele é mais calmo e pensativo. Juliette o pressionou para escrever sobre duas gerações diferentes de artistas femininas – o que elas têm que desistir para viver de sua arte e o que elas ganham em retorno.

LM: Ele é um diretor que filma o movimento maravilhosamente…
K: Ele encena suas cenas meticulosamente, mas eu nunca me senti como se estivesse sendo prejudicada quando eu estava em movimento. Eu senti como se estivesse dançando com o cinegrafista que se aproximava de mim toda vez que eu estava muito longe da onde eu deveria estar. As filmagens foram muito suaves, livres e serenas. É o que faz algumas cenas, até as mais teatrais, parecerem tão cheias de vida.

LM: Uma palavra sobre sua colaboração com Juliette Binoche?
K: Ai meu Deus, nós somos tão diferentes! Ela está sempre pesquisando. Eu decorei minhas falas vinte minutos antes de cada cena. Nós somos semelhantes, mas nossa maneira de realizar as coisas não poderia ser mais diferente.

LM: Você é cercada por uma multidão de assistentes. Eles te inspiraram para o papel?
K: Eu tive tantos! É uma dinâmica muito interessante. Assim que minha personagem percebe que ela está apenas obedecendo a ordens, sem poder dar mais de si mesma, ela sai. Eu já vi relações profissionais não darem certo também. Eu amo filmes que lidam com o processo de filmagens.

LM: Em ‘Maps to the Stars’ de David Cronenberg, também na competição, Robert Pattinson interpreta o assistente de uma celebridade. Você já viu o filme?
K: Ainda não! Mas vou ver.

LM: Cinco anos depois de ‘Adventureland’, você está se reencontrando com Jesse Eisenberg em American Ultra de Nima Nourizadeh…
K: Nós temos uma cumplicidade muito bonita. Nós não estamos com medo de mostrar que estamos nervosos. É uma comédia de ação, muito commercial, mas nós levamos muito a sério. Eu realmente acredito no que minha personagem diz em Sils Maria: Se é bem feito, um filme comercial pode tocar cada faceta sua. Não é necessariamente o caso dos filmes pretensiosos.


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